chuvisco choramingo lerdo asfalto
Poema de Antonio Miranda
descansa meus pés avenida caminho
apreensões Copacabana
por meus dedos escorre um mundo atemporal
a nossos olhos, “con luciérnagas en vela el
campo duerme en el trigo”, aquele dia foi
assim, ricardo: tontas muriçocas e a
contagem das estrelas? por isso, roland,
lá estão as luzes estampadas na pista,
o elevador que me trouxe ao 8º. andar é
o estômago aproximando-nos: este
blocogavetas e a paisagem vertical:
“fraccionándose la noche corriendo atrás
del vació”, espinha dorsal aberta
à dinamite e muda e fria, musgosa
artéria, o batente: e o corredor
quem sou o jovem puritano dando-se em
palavras e gestos equívocos, esquivos,
esguios, fugidios; quem sou que o
corpo encolhe-se narciso e a boca
abre-se em saliva e dá-se nega
Escrito manualmente em caderno
Copacabana, 10.02.1963
aos 12 anos de idade.
Ilustração realizada por Inteligência Artificial - IA,
por Nildo Moreira, em 2025
|